Sonntag, Dezember 24, 2006

Warszawa I

Saio do comboio a correr pronto a subir um patamar na maior estação de comboios da Europa (Berlin Hauptbanhof). Pensava eu. Afinal, preciso de subir a correr 4 níveis da estação, para poder chegar ao comboio que está prestes a partir. Em cada um dos níveis, só vejo as setas da linha 11 a apontarem no sentido vertical. Chegado lá cima, vejo um enorme comboio azul parado. Parece-me às escuras. Entro na carruagem e pergunto por Warschau. Falam-me em russo. "Russo?" - pergunto-me eu. Fazem-me sinais com a mão e mandam-me para fora do comboio. Pensei que estivessem a dizer que o comboio já tinha partido (afinal, passavam 2 minutos da hora). Um outro russo começa a fazer os mesmos gestos com a mão (como que a mandar-me embora). Procuro por alguém que fale alemão. Afinal, estava em Berlim e com um bilhete alemão na mão. Vou ter com um homem da Deutsche Bahn. Diz que não sabe. Aquele comboio não é deles. Finalmente, num momento de rara intelegência, o russo (porque é que o russo soa sempre como se estivessem a brigar connosco?) diz ao alemão para me explicar as "regras". Eu vou para Varsóvia. Tenho que ir para as carruagens da frente (eu nem frente nem traseira do comboio via, de tantas carruagens que levava). Querem que corra e alcance-as. "Mas porque não me deixam entrar nestas? Posso passar de umas para as outras!" - pensava eu. O homem apita para o comboio partir. E eu a correr. Noutro momento de rara intelegência, um russo deixa-me entrar numa das carruagens deles. Começa o inquérito. Olham para o bilhete e falando em russo, empurram-me para a carruagem seguinte. Abro um porta pesadíssima de ferro para passar para outra carruagem. Senti-me num jogo do estilo "Doom". A luz é ambiente. . Num corredor estreito, vou passando pelos quartos da carruagem. Em cada um, o mesmo ambiente. Pessoas sentadas nas camas, a falarem russo, quase às escuras e a beberem. Outras no corredor. Um deles fica entalado comigo e com a minha mochila no corredor. Pergunto-me eu: "Quando é que sacam das Uzis e desatam a transaccionar aqui?" Sinto-me num filme de Tarantino. Próxima carruagem. Mesmo inquérito. Mesmo resultado. Mesma porta de ferro (e velha. Ui! "Era esta a qualidade do comunismo?" - pensava eu"). Após mais duas passagens pela excelência dos caminhos-de-ferro russos, abro uma normal porta de comboio: leve, de material sintético e com um vidro transparente. Na carruagem, "luxo": luzes fluorescentes que irradiavam uma extraordinária luminosidade na carruagem. Estava nas carruagens polacas e agora falam polaco comigo. "Menos mal. Soa mais familiar" - penso eu. Percebo que tenho de seguir. Finalmente, chego à minha carruagem e à minha cama.


Banda sonora: Owen Paul - My Favourite Waste of Time (aqui)

1 Kommentar:

AP hat gesagt…

E depois? E a seguir? E Varsóvia? conta tudo!